quarta-feira, 22 de maio de 2013

Era uma vez um Ganso-patola:

Hoje publico algumas fotos tiradas num dia de Agosto de 2012, à beira-mar, na costa deserta a cerca de um quilómetro a Sul da Praia da Tocha. São fotos de um ganso-patola, o qual se encontrava ferido e bastante enfraquecido (incapaz de voar ou mesmo de andar). Os gansos-patolas são aves marinhas de grande porte (são a maior das espécies de aves marinhas que frequentam a costa portuguesa). No caso dos adultos, a sua envergadura alar pode atingir 1,80m (aproximadamente a envergadura de um ser humano médio, com os braços esticados em cruz). Estas aves alimentam-se sobretudo de peixes, que capturam através de rápidos mergulhos.

Depois de alguns contactos, esta ave foi encaminhada para o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Quiaios, com preciosa colaboração de dois elementos dos Nadadores-Salvadores da Praia da Tocha e respectiva viatura de assistência (para transportar o animal até à Praia da Tocha).

Infelizmente, neste caso específico, o ganso-patola deu entrada no Centro de Reabilitação demasiado tarde para os tratamentos aplicados lhe possibilitarem a sua sobrevivência. Uns dias mais tarde, estando o animal moribundo e não havendo esperança de o salvar, foi-lhe aplicada a eutanásia.

Este foi um caso com um final triste. Mas felizmente, muitos são os casos de sucesso conseguidos no Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Quiaios. Este centro encontra-se instalado a norte da Vila de Quiaios, aproveitando os edifícios e os terrenos do antigo posto da Guarda Florestal, entretanto desactivado. Para quem tiver curiosidade em saber mais sobre o Centro, as suas actividades diárias, para quem o desejar apoiar (com donativos financeiros ou oferta de bens necessários), para aqueles que um dia poderão ter necessidade o contactar (sobretudo quem frequenta assiduamente as zonas costeiras); deixo aqui os links para o site oficial do Centro e o seu Facebook (clicar):

Once upon a time a northern gannet:

Today i present a few photos of one northern gannet, who was injured and very weak, incapable of flying or even to walk. These photos were taken in August of 2013, in one area of desert beach, located one kilometer south of Tocha Beach. The northern gannets are the biggest seabirds of the portuguese coast.

After a few contacts with some authorities, and with the help of two lifeguards and one lifeguard car, this animal was transported to a rehabilitation center for marine animals, located near the town of Quiaios.

Unfortunately to this gannet, it was too late, and he died a few days later. It is impossible to save all injured sea animals who enter in the rehabilitation center, but fortunately, many are saved, with dedication and hardwork. In the end of the text in portuguese, i put the links for the website and facebook page of this rehabilitation center (but they have only a portuguese version).





domingo, 5 de maio de 2013

A fotografar Rãs Comuns, mas cada vez menos comuns!

Num dia de Fevereiro de 2013, fui dar uma caminhada a pé, percorrendo a zona entre a Tocha e a Lagoa das Braças. Para além dos objectivos habituais de tirar umas fotos pelo caminho e fazer algum exercício, tinha também em mente observar quais os estragos que o grande temporal de 19 de Janeiro de 2013 tinha feito na zona das lagoas.

Dei uma vista de olhos num poço de rega de uma terra em pousio, localizado perto da Lagoa do Palhal (falei acerca desta (ex-)lagoa no penúltimo post (clicar para o ler)), onde tirei algumas fotos a alguns exemplares de rãs da espécie Rã-verde ou Rã-comum (Rana perezi ou Pelophylax perezi), a qual é a espécie de anfíbios mais numerosa em Portugal. Estes exemplares foram fáceis de observar e fotografar, pois estavam retidos num pequeno habitat fechado e o nível de água do poço estava quase ao nível do solo. Mas se os quisesse fotografar nos seus habitats naturais (tais como lagoas, charcos ou ribeiras), especialmente num grupo com vários indivíduos, tal não seria tão fácil.

Apesar de esta espécie de rãs ser bastante comum e numerosa (daí um dos nomes da espécie), noto que as suas populações têm diminuído bastante durante as últimas décadas, à semelhança do que tem acontecido com outras espécies de anfíbios. Em locais onde há 20-25 anos observava facilmente várias dezenas de indivíduos, hoje já se torna difícil encontrar alguns. Por vezes, só os sons que emitem (o seu conhecido coaxar), me indicam que ainda existem rãs a viver nesses locais.

Muitas são as causas que a ciência indica para esta grande diminuição das populações de anfíbios, como a poluição das águas dos locais onde habitam (causada por pesticidas, fertilizantes químicos e efluentes  domésticos ou industriais), ou as alterações climáticas.

Contudo, também existe vária documentação científica, disponível na Internet, que relaciona a diminuição das populações de anfíbios em Portugal com a invasão dos seus habitats por espécies invasoras predadoras, introduzidas pelo homem, sendo uma das principais o Lagostim-vermelho da Louisiana (Procambarus clarkii), que inclui na sua alimentação ovos, girinos e juvenis de anfíbios. O Lagostim-vermelho terá sido introduzido em Espanha nos anos 70 (na zona de Badajoz, em 1973), por particulares, com fins alimentares e comerciais. Aos poucos, esta espécie foi-se espalhando por toda a Península Ibérica, tendo-se tornado comum na Gândara nos princípios da década de 90.

Photographing frogs:

In one day of February of 2013, i went to a hike, during all day, walking through areas of "lagoons" (fresh water lakes), agricultural fields and forests, between the town of Tocha and "Lagoa das Braças" (a lake); to make some physical exercise, take pictures and see the damage caused in the area by the big storm of 19 january.

One of the places where I took pictures, was in a water well made to agricultural irrigation, located west of the village of Castanheiro (located in the Civil Parish of Bom Sucesso and Municipality of Figueira da Foz), where there were a few frogs (Perez's Frog, Rana perezi or Pelophylax perezi). In Portugal, this species is also known as Green Frog or Common Frog. Is also the most abundant species of amphibians.

Although this species is abundant, their numbers have fallen sharply over the past decades, as also happened to other species of amphibians. In places like lakes, ponds or streams, where i remember to see many frogs when i was young, two decades ago; nowadays is hard to find a few frogs.

The populations of amphibians are decreasing in many places of the world, because of common causes like water pollution, destruction of habitats and climate changes.

But in the particular case of the amphibians in Portugal  (there are scientific texts available in the Internet about it), one important cause is the introduction of "non-indigenous" invasive species, like the Red Swamp Crayfish (Procambarus clarkii). This species eats many things, including eggs, tadpoles and young individuals of amphibian species. It is believed that the Red Swamp Crayfish was introduced in the South of Spain in the 70's (by a few businessmen of the food industry). This species started to spreading to all the Iberian Peninsula in the following years. Around 1990-1992, it reached the lakes, ponds and streams of the Region of Gândara.